Há uma força primordial que nos impulsiona para a frente, incitando-nos a saltar, a nos esforçar, a conquistar — a repulsa inerente de ficar onde estamos. Somos viciados no hormônio da sensação de bem-estar que nosso corpo libera no processo de atingir uma meta — a dopamina. Em um mercado livre, essa propulsão é direcionada para o desejo de fornecer produtos ou serviços melhores ou mais baratos do que os da concorrência. A concorrência é a pulsação do progresso, garantindo que uma quantidade cada vez maior de valor seja fornecida aos consumidores.
Propulsão da inovação
A concorrência é a força de controle fundamental do mercado. Sem concorrência, as empresas não precisam inovar. Se não houver concorrentes que ofereçam uma oferta semelhante à sua ou que forneçam substitutos satisfatórios, não há motivo para melhorar a qualidade de seu produto ou serviço e diminuir seu preço. De fato, a força que obriga as empresas a continuar aumentando o valor de uma oferta — aumentando a qualidade ou diminuindo o preço — é a concorrência. Elas são obrigadas a isso porque, caso contrário, os clientes gastarão seu dinheiro em outro lugar.
Os seres humanos sempre querem atingir metas maiores e subir na escala de status, não importa se vivem em um mercado livre ou em um sistema comunista. Entretanto, em um sistema comunista, essa propulsão é direcionada para enganar os outros, pois não é possível utilizá-la de forma produtiva, mas apenas avançar às custas dos outros em vez de cooperar pacificamente.
O principal argumento dos críticos da concorrência no mercado livre é que ela é um desperdício. Várias empresas estão se esforçando para atingir objetivos simultâneos. Portanto, seus recursos poderiam ser usados de forma mais eficiente e produzir menos desperdício. Em oposição a esse ponto teoricamente válido, a história mostra claramente que a concorrência no mercado livre está fornecendo produtos melhores por preços mais baratos. Por exemplo, atualmente o mercado está em processo de fornecer unidades monetárias melhores. Para encontrar a maneira mais eficiente de atingir um objetivo, é preciso deixar que os participantes do mercado concorram.
Uma força da natureza
A natureza é cruel. Se você não superar seus pares de gazela correndo mais rápido do que eles, você se tornará o almoço de um leão. Os humanos caçadores-coletores competiam para obter recursos como alimentos e parceiros. Dois séculos atrás, os atletas gregos corriam nus e os cocheiros romanos trovejavam. Avançando para os dias de hoje: Os titãs do Vale do Silício duelam com algoritmos, os ginastas olímpicos desafiam a gravidade e os campeões de concursos de ortografia empunham léxicos como espadas. O palco muda, mas o drama permanece. A competição está profundamente arraigada nos seres humanos e não é um fenômeno de confrontos modernos, como ser o primeiro a pousar na lua ou proporcionar o maior valor para os acionistas.
Na área econômica, Friedrich Hayek descreveu como a concorrência impulsiona o processo de descoberta de preços, e Israel Kirzner investigou como os empreendedores contribuem para o equilíbrio do mercado ao buscar maneiras de obter ganhos inexplorados. Ele enfatizou como os empreendedores buscam lucro em mercados competitivos produzindo com mais eficiência. Fornecer mais valor custando menos é a única maneira de convencer os seres humanos livres a comprar sua oferta.
Uma chama darwiniana
Imagine um laboratório – um cientista louco debruçado sobre frascos borbulhantes. A inovação prospera aqui. Por quê? Porque a concorrência acende as chamas. Edison correu com Tesla para aproveitar a eletricidade; Jobs e Gates disputaram a computação pessoal. Cada confronto deu origem a inovações — a lâmpada, o iPhone, a Internet. Sem a concorrência, ainda estaríamos escrevendo em tábuas de pedra. As empresas se movimentam, se movimentam novamente e se movimentam mais uma vez. A Blockbuster encontra a Netflix; a Nokia encontra a Apple. Adapte-se ou desapareça — é a sobrevivência do mais apto. Por meio da livre concorrência, cada participante do mercado está sendo designado para o local em que os serviços que ele pode prestar são usados de forma mais benéfica para a sociedade.
A concorrência no mercado livre faz com que os preços caiam. Basta considerar os avanços tecnológicos das últimas duas décadas. Enquanto há vinte anos era ótimo que um disco rígido tivesse centenas de megabytes de armazenamento, hoje os usuários podem facilmente salvar terabytes de dados. O preço por byte de armazenamento caiu drasticamente. Essa é a concorrência do mercado livre em ação. Considere as viagens espaciais. Recentemente, a SpaceX começou a reutilizar foguetes e reduziu enormemente os preços. A livre iniciativa significa que novos empreendedores podem atacar o status quo. Regulamentações pesadas dificultam as oportunidades para que novos concorrentes ofereçam ofertas melhores e mais baratas e, como consequência, criam ciclos de expansão e retração.
Abraçando a concorrência
Ao competir, você afia sua lâmina. Os atletas perseguem recordes, os músicos buscam o virtuosismo e os chefs competem por estrelas Michelin. A excelência floresce quando os rivais se enfrentam. Imagine uma sala de concertos — os dedos do pianista se confundem, o arco do violinista canta. Eles se empurram uns aos outros para o auge, criando magia. Quer você esteja codificando um software ou assando croissants, a concorrência sussurra: “Seja melhor”. Colha um pouco dessa dopamina tomando medidas para ser superior aos seus concorrentes. Não se acanhe, pois você não pode evitar a concorrência de qualquer maneira. Seu esporte favorito, uma entrevista de emprego e o amor também são competições.
No mercado, fique atento às melhores opções que custam menos. Os fornecedores dos produtos e serviços que você está procurando são constantemente incentivados a serem melhores e mais baratos. Se você precisar comprar um bem ou serviço caro, reserve um tempo para comparar e considerar se deve trocar seu fornecedor atual. Essa é a maneira de lucrar com as forças concorrentes do mercado. Não defenda a proteção de grupos sociais específicos contra a concorrência. Se os consumidores perceberem um valor mais alto nos bens e serviços fornecidos por um grupo específico, eles estarão dispostos a pagar preços mais altos.
Aproveitando os frutos da concorrência
A concorrência não é apenas a força que o impulsiona, ela é um mecanismo de controle fundamental do mercado. Aceite-a, aprenda com ela e celebre a dança. Entre na concorrência para se sentir vivo e colher seus benefícios pessoais. Compare as opções no mercado para encontrar oportunidades e colher seus benefícios sociais. Lembre-se de como o mercado livre direciona o impulso inato dos seres humanos de competir para oferecer ofertas melhores e mais baratas. Que busca competitiva você adotou recentemente?
Artigo escrito por David Jäkle, publicado em The Agorist Nexus e traduzido por Rodrigo