No último domingo (9), o presidente da França, Emmanuel Macron, dissolveu o parlamento do país, a Assembleia Nacional, e convocou eleições legislativas antecipadas. A decisão do presidente francês foi tomada após uma pesquisa de boca de urna que mostrou que seu partido, Renascimento, seria derrotado pelo partido de oposição, União Nacional (RN), nas eleições parlamentares.
Reação da União Nacional após a pesquisa
Segundo as projeções iniciais, o partido da direita nacionalista, União Nacional (RN), saiu no topo com 31,5% dos votos, o que corresponde a mais que o dobro da participação do Renascimento, partido de Macron, que ficou em segundo lugar em 15,2% dos votos, seguido pelos socialistas, que ficaram em terceiro lugar com 14,3% dos votos.
Após a publicação da pesquisa, o líder do RN, Jordan Bardella, fez um discurso de comemoração, pedindo a Macron que dissolvesse o parlamento francês, chamando a diferença entre os dois partidos de uma “desaprovação contundente” para o presidente.
“Essa derrota sem precedentes para o atual governo marca o fim de um ciclo e o Dia 1 da era pós-Macron”
disse Bardella a uma audiência estridente na sede do RN.
No sistema francês, as eleições parlamentares são realizadas para eleger os 577 membros da câmara baixa, que constitui a Assembleia Nacional. Já as eleições para escolher o presidente do país são realizadas separadamente. No entanto, elas só têm previsão para serem agendadas no ano de 2027.
O que é a União Nacional
A União Nacional (Rassemblement National) é um partido nacionalista francês que atua como principal opositor do governo de Macron na França. O partido tem como presidente a advogada e política Marine Le Pen, filha do ex-presidente da França, Jean-Marie Le Pen.
Entre as principais pautas defendidas pelo partido, estão o protecionismo, subsídios às empresas nacionais, oposição à privatização dos “serviços públicos”, leis rígidas contra a imigração e deportação de imigrantes criminosos ou irregulares. Também há suspeita de que segmentos minoritários defendam o Frexit, o que significaria a saída da França da União Européia.
As políticas defendidas pela União Nacional implicam no que o filósofo e economista austrolibertário, Hans-Hermann Hoppe, chamou de “socialismo de direita“.
Jordan Bardella, que atualmente é eurodeputado e representante da França e da União Nacional na União Europeia, pretende concorrer ao cargo de primeiro-ministro nas próximas eleições. Sua vitória será de grande valia para Marine Le Pen, que pretende concorrer à presidência na França, em 2027.
Ventos favoráveis à direita na França?
A ascensão da União Europeia não representa apenas a derrota de Macron e do centro político na França, mas também o crescente descontentamento dos franceses, principalmente os mais jovens, com as políticas vigentes na França e na União Europeia em sua totalidade.
Entre as motivações para tal descontentamento estariam os vários problemáticos envolvendo imigrantes islâmicos, ataques de grupos terroristas islâmicos, a crise energética e alimentar que vem avançando na Europa, além das várias pautas identitárias impostas pelo estado francês.
Obviamente, a União Nacional está longe de ser uma solução para todos os problemas da França. Apesar da defesa de algumas medidas razoáveis, como penas mais duras para criminosos e deportação de imigrantes criminosos, o partido incorre em uma série de erros que apenas substituiriam alguns problemas por outros.
Um exemplo disso seria o protecionismo econômico defendido pelo partido, bem como a defesa de subsídios para a produção de energia e agricultura. A crise energética e alimentar que cresce na França e na UE é um problema real, mas ele se deve principalmente às fortes regulações estatais com base em políticas ambientalistas e ausência de um verdadeiro livre mercado.
O protecionismo econômico e subsídios para produção de energia e agricultura irão apenas agravar o problema, levando à concentração de mercado interno, escassez e aumento dos preços, tudo isso às custas da população francesa.