O discurso submisso e conveniente de Jair Bolsonaro sobre a resistência de Roberto Jefferson à prisão, mostra qual é o comprometimento de Bolsonaro: sua reeleição e nada mais.
Após a repercussão do caso de resistência de Roberto Jefferson à prisão, Jair Bolsonaro se posicionou contrário à atitude do ex-parlamentar, o chamando de “bandido”, reforçando que “quem atira em polícia é bandido”.
Você pode conferir o vídeo onde Bolsonaro comenta sobre o caso abaixo:
Quem atira em policiais é “bandido”?
No vídeo, Bolsonaro reproduz a mesma mentalidade que prende a direita à subserviência ao estado. O raciocínio de que a polícia estatal deve ser soberana e sagrada. Afinal, eles “nos protegem” dos criminosos.
É esse tipo de mentalidade que anula qualquer possibilidade da direita resistir à opressão estatal, uma vez que ignoram que a força policial é essencial para que o estado exerça seu poder, incluindo a Ditadura de Toga que vigora no Brasil hoje.
A desculpa “só estou fazendo meu trabalho”, isenta os policiais da culpa por qualquer crime que cometam em nome do estado. Seguindo esse raciocínio, bolsonaristas não podem reclamar da opressão e perseguição aos resistentes nas ditaduras socialistas que eles tanto dizem repudiar. Afinal, os perseguidores só estão “fazendo seu trabalho”.
Também não seria possível criticar os ministros do STF e TSE, afinal, só estão “fazendo seu trabalho” para manter o estado democrático de direito que os bolsonaristas tanto defendem.
Grande parte deste raciocínio é em parte graças à doutrinação estatal, que os condiciona a acreditar no que é autorizado ou não fazer, com a força policial tendo monopólio da execução da lei.
Este mesmo monopólio da punição do crime também torna a população refém e dependente da força policial, na esperança de que ela os defendam dos criminosos. Isso reproduz, entre os direitistas principalmente, a ideia de que “temos que nos sujeitar, afinal, dependemos dela, a força policial, para nossa defesa”.
Quando despertarem para a sensatez e entenderem que o estado e sua força policial não possuem o direito de monopólio da defesa e do combate ao crime, a tirania que tanto dizem reclamar acabará. Até lá, continuarão subservientes.
O verdadeiro compromisso de Bolsonaro
O motivo da submissão de Bolsonaro ao defender a prisão de Roberto Jefferson, e até mesmo a “honra” da Cármen Lúcia, é simples: Bolsonaro pensa única e exclusivamente em sua reeleição.
Ele fará o que puder para se manter no cargo. Passou por cima de tudo o que falou sobre assistencialismo e impostos e fez exatamente o contrário de tudo o que havia prometido. Mesmo seus poucos cortes em impostos tiveram o efeito anulado pela inflação que ele causou com a expansão da oferta monetária e com o aumento dos gastos.
Sem falar nos apoiadores mais fiéis que ele abandonou quando não era viável para sua reeleição ajudá-los.
Tudo isso não é surpresa alguma para aqueles que sabem como a política realmente funciona: um jogo sujo, onde apenas aqueles que colaboram com o jogo, vencem. Como diria Hayek, “os piores sempre chegam ao poder”.
Bolsonaro está preocupado apenas com seus interesses políticos, nada mais. Seria demais esperar algo diferente de um político. No entanto, ainda existem aqueles que se iludem achando que ele é a verdadeira tábua de salvação contra o avanço da esquerda, e que é fiel aos seus princípios e convicções até o fim. O que não foi o caso nestes últimos anos, principalmente durante a Ditadura Sanitária.
Roberto Jefferson não é herói
Também não se deve considerar Roberto Jefferson um “herói, como muitos andam fazendo. Como todo político, ele foi um parasita a vida toda e prejudicou a vida de milhares de pessoas com suas medidas intervencionistas.
E diferente do raciocínio equivocado de que o problema dele era a “corrupção”, todos que sabem que imposto é roubo, entendem que o crime de parasitagem se aplica a todos os políticos em geral.
Porém, é inegável que a ordem de prisão de Roberto Jefferson se baseou em leis injustas e quem o mandou prender cometeu mais agressões contra inocentes do que Jefferson em toda sua vida como parasita. Apoiar a prisão dele seria ficar do lado mais opressor e tirânico do cenário político.
Talvez a troca de tiros entre ele e os cães do estado até a morte tivesse sido um fim mais adequado.
No entanto, é inegável a coragem e resistência de Roberto Jefferson diante da tirania. Também não diria para todos que são opositores da tirania fazerem como ele, arriscando sua vida. Mas a desobediência aos mandos e desmandos estatais é o que falta para a população se livrar da dominação que tanto a oprime.