Um mutirão de cirurgia de catarata realizado no município de Parelhas–RN casou infecção bacteriana em 15 dos 48 pacientes atendidos, sendo que destes 8 acabaram perdendo um olho cada. O procedimento foi realizado entre os dias 27 e 28 de setembro, pela empresa Oculare Oftalmologia contratada pela prefeitura da cidade.

A informação foi confirmada na última terça-feira (15) pela Secretaria de Saúde do município. O mutirão aconteceu na Maternidade Dr. Graciliano Lordão.

Cabelereira Izabel Maria perdeu a visão do olho esquerdo — Foto: Divulgação

Segundo Tiago Tibério dos Santos, secretário de Saúde de Parelhas, o município abriu inquérito civil público e começou na última terça-feira (15) a ouvir as pessoas envolvidas no caso. Os representantes da empresa Oculare Oftalmologia Avançada LTDA, contratada pelo município para realizar o mutirão, devem ser ouvidos nesta quarta-feira (16).

Não é um caso isolado

Este caso de irresponsabilidade médica levando à infecção de pacientes por meio da rede pública de saúde não é um caso isolado. Na última sexta-feira (11), pacientes que receberam transplante de órgãos pelo SUS acabaram infectados com o vírus HIV. E ambos os casos envolvem empresas privadas de saúde contratadas pelo estado?

Ambos os casos são de irresponsabilidade inteiramente da iniciativa privada? Os anticapitalistas, de forma apressada, dirão que sim. Mas em ambos os casos, a responsabilidade pelo ocorrido também estava nas mãos do estado. Não somente isso. Em ambos os casos, as agências sanitárias afirmaram que os equipamentos e instalações para os procedimentos médicos estavam em perfeitas condições.

Libertários estão familiarizados com o fato da ineficiência estatal. E, por mais que não se possa afirmar em detalhes o que aconteceu antes da conclusão das investigações, é possível imaginar o que levou a estes dois eventos trágicos.

E dois fatores são bastante plausíveis: primeiro, devido à incapacidade de alocar de forma eficiente os recursos, o estado inevitavelmente leva ao fornecimento dos serviços em péssimas condições. Outro fator é a necessidade do estado em mostrar que está fazendo algo importante pela população, afinal, ele precisa justificar sua existência.

Na ânsia de provar que está cuidando da saúde da população, o estado realizou os procedimentos da forma mais irresponsável possível. E o resultado foram pessoas infectadas com HIV e outras cegas.

A justiça fará alguma coisa?

É inegável que, assim como no caso dos infectados pelo HIV, as pessoas que ficaram cegas após a cirurgia possuem total direito a reparações, tanto por parte da Oculare Oftalmologia quanto da prefeitura de Parelhas.

Mas, dada a ineficiência da justiça estatal, é possível que infelizmente o caso seja arrastado por tempo indeterminado. Até lá, as vítimas de tais negligências e seus familiares seguirão enfrentando as consequências de tal irresponsabilidade por parte do estado e das empresas por ele contratadas.

Mas uma coisa é certa: nem a saúde, nem a justiça deveriam ser monopólios do estado.


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