Relatório do governo japonês revela que, entre 1948 e 1996, cerca de 16.500 indivíduos foram forçadamente esterilizados com base em uma lei eugenista. O intuito do governo do pós-guerra era evitar o nascimento de crianças rotuladas como “de baixa qualidade”.

A esterilização sob a lei permitia que as autoridades realizassem o procedimento em pessoas com deficiências intelectuais, doenças mentais ou distúrbios hereditários para evitar o nascimento de crianças com esses traços.

Dentre os esterilizados sem consentimento estão adolescentes e crianças, por vezes com apenas 9 anos de idade. A maioria das vítimas era do sexo feminino.

No relatório de 1.400 páginas também consta que outras 8.000 pessoas deram seu consentimento; a validade desse consentimento é questionada, no entanto.

Os ainda sobreviventes travam uma batalha há décadas na justiça japonesa para compensações financeiras, sendo por vezes negada sob a justificativa de prescrição ou, quando aprovada, constituída de valores não condizentes ao sofrimento infligido. Muitas vítimas já faleceram. Um dos contra-argumentos referentes à justificativa de prescrição é o tempo que muitas vítimas levaram para descobrir a natureza da cirurgia realizada, pois foram operadas sem serem informadas da real intenção do procedimento.

Relatos dos afetados incluem divórcios e abandonos por parceiros, além do sofrimento psicológico associado ao estresse pós-traumático e ao sonho, agora impossível, de dar à luz a filhos biológicos.

O que ocorreu no Japão não é exclusividade histórica do país. Países como Alemanha, Suécia, Austrália e mesmo os Estados Unidos já tiveram leis semelhantes em vigor.

Após a publicação do relatório, o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, disse que o governo “se desculpa profundamente pela tremenda dor” sofrida pelas vítimas.

Traduzido e adaptado por Gabriel Camargo

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