Nesta sexta-feira, o Ministro das Relações Exteriores da Rússia e seu homólogo norte-americano realizaram o que chamaram de “conversa franca” para tentar reduzir as chances de um conflito mais amplo na Ucrânia.

Sergei Lavrov negou várias vezes que uma enorme força russa montada perto das fronteiras da Ucrânia seria usada para invadir a Ucrânia. Antony Blinken disse que a América responderia severamente a qualquer invasão.

Os rebeldes pró-Rússia controlam grandes partes da Ucrânia oriental desde que uma guerra feroz irrompeu há quase oito anos. Cerca de 14.000 pessoas foram mortas e pelo menos dois milhões fugiram de suas casas antes que os frágeis acordos de paz fossem negociados.

Espera-se que Washington apresente sua posição por escrito na próxima semana e, em seguida, outras discussões sejam realizadas.

Com cerca de 100.000 soldados russos destacados perto da Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin fez exigências ao Ocidente que, segundo ele, dizem respeito à segurança da Rússia, e que isso inclui o impedimento da Ucrânia de se juntar à OTAN.

Ele quer que a aliança defensiva ocidental abandone os exercícios militares e deixe de enviar armas para a Europa Oriental, vendo isto como uma ameaça direta à segurança da Rússia.

Para o Sr. Blinken, a reunião foi “franca e proveitosa” e para o Sr. Lavrov ela também foi “franca”, com um acordo para ter “um diálogo razoável”.

“Espero que as tensões diminuam”, acrescentou Lavrov. Blinken advertiu sua contraparte russa de que eles reagiriam de forma “unida, rápida e severamente” no caso de uma invasão russa.

Após a reunião, ele disse que os EUA estavam prontos para explorar opções para abordar as preocupações da Rússia em um espírito de reciprocidade.

Antes disso, os analistas sugeriram que isto poderia incluir mais transparência nos exercícios militares na região, ou reviver as restrições sobre mísseis na Europa. Estas regras foram previamente estabelecidas no Tratado de Forças Nucleares de Interesse Intermediário, um pacto da era da Guerra Fria que os Estados Unidos desmantelaram em 2019, após acusar a Rússia de violar o acordo.

Blinken também pediu à Rússia que parasse o que ele chamou de sua agressão contra a Ucrânia, dizendo que a formação de tropas deu à Rússia a oportunidade de atacar a Ucrânia do sul, leste e norte. Ele disse que os EUA sabiam por experiência que Moscou, que anexou a região de Crimea da Ucrânia em 2014, também tinha um “extenso livro de métodos não militares” para fazer avançar seus interesses, incluindo ataques cibernéticos.

Blinken confirmou que os EUA continuarão a fornecer “assistência de segurança” à Ucrânia nas próximas semanas. Os EUA no ano passado enviaram sistemas de mísseis blindados à Ucrânia, bem como armas pequenas e munições. O mesmo afirmou que durante a reunião também foram abordadas as negociações com o Irã sobre capacidades nucleares, o que ele chamou de exemplo de como os EUA e a Rússia podem trabalhar juntos em questões de segurança.

Lavrov, por sua vez, descreveu a reunião como aberta e proveitosa, mas acusou a OTAN de trabalhar contra a Rússia. Ele reiterou a posição de Moscou de que Moscou “nunca ameaçou o povo ucraniano” e não tem planos de atacar a Ucrânia. Ele também acusou o governo ucraniano de usar o “terrorismo de estado” contra os rebeldes no leste e de “sabotar” os acordos de paz de Minsk sobre o conflito no país.

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia disse que os EUA enviariam “respostas por escrito” a todas as propostas da Rússia na próxima semana, mas Blinken disse apenas que os EUA esperavam compartilhar suas “preocupações e idéias em mais detalhes por escrito na próxima semana”.

Esse artigo foi escrito por Anthony Zurcher, publicado no BBC News e traduzido pelo Gazeta Libertária.

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