O último podcast do Flow, maior canal de podcast do Brasil, deu o que falar. Um dos donos do canal, o polêmico Monark, durante uma discussão sobre democracia e gestão política, comentou que para ele seria válido haver um partido nazista, da mesma forma que há partidos de extrema-esquerda no país.

Não demorou até que Monark recebesse uma reação negativa em massa e muitos chegaram a acusá-lo de ser nazista.

Em uma coisa concordamos com ele: A liberdade de expressão deve ser irrestrita. Ideias ruins devem ser rebatidas com ideias boas, não censuradas. Ideias, apenas ideias podem iluminar a escuridão.

Também temos um vídeo no canal da Universidade Libertária sobre o assunto.

A sugestão de Monark para um partido nazista

Durante o podcast mais recente do Flow, foram entrevistados os deputados federais Kim Kataguiri (PODEMOS) e Tábata Amaral (PSB) onde discutiram sobre como funciona a política no Brasil, e Monark fez algumas considerações.

Monark começou bem, apontando para o fato inegável de que para participar do jogo político você têm que seguir as regras do jogo ditadas pelos grupos que já fazem parte da máquina estatal, e que não há como se manter na política sem se sujeitar à isso.

O discurso estava indo bem, até ele sugerir a existência de um partido nazista no país, o que seria praticamente defender a possibilidade de políticas que visem o extermínio de todos aqueles que não fazem parte da “raça ariana”, tal como o nazismo fez ao estar no poder da Alemanha.

Mas afinal, deveria existir um partido nazista?

Monark é bastante conhecido por não saber expressar bem suas ideias e isso já lhe rendeu muitos problemas. Quando ele disse sobre liberdade de expressão, mesmo para nazistas, pode ser que Monark tenha sugerido na verdade uma representação deste grupo na política, para representar ideias de pessoas que pensam assim – tal como comunistas, socialistas, democratas, liberais etc.

No entanto, ele não leva em conta que a ideia de um partido é justamente chegar ao poder e implantar políticas públicas que estejam alinhadas com suas ideias.

Num regime democrático, dado o fato de dificilmente um único partido aparelhar um estado sem ao menos encontrar resistência contra os avanços de suas ideais, esse partido nazista dificilmente teria sucesso.

Se formos avaliar a definição de partido político, entendemos que se trata de uma entidade privada com intuito de fazer seus membros participarem da máquina pública, visando estabelecer políticas alinhadas a suas ideologias, o que para um partido nazista seria subjugar todos os não arianos – impossível em um país predominantemente mestiço como o Brasil.

Não estamos na Alemanha da primeira metade do século XX, onde o partido Nazi apelava para o ressentimento dos alemães após a derrota da primeira guerra mundial e também para o antisemitismo já existente, usando judeus como bodes expiatórios para justificar suas ações odiosas. No Brasil tal ideia teria pouco alcance, e o nazismo dificilmente seria uma ameaça de fato.

Alguém pode objetar contra a proibição de um partido nazista por ele ser uma organização privada, voluntária e os membros estarem exercendo seu direito de livre associação.

Outros podem objetar contra a permissão de um partido nazista porque mesmo sendo uma organização privada, ele pretende, como todo partido, chegar ao poder estatal e usar a máquina de coerção contra os demais. Pode-se dizer que seria uma situação similar a de um grupo de assaltantes que formam uma organização privada e voluntariamente constituída, mas irão utilizar coerção contra outros.

A conclusão mais sensata que podemos chegar é a de que não há problema em uma organização voluntária em si – independente se suas ideias e valores são louváveis ou não. Há sim, na intenção deste partido.

Nazistas, comunistas e todos aqueles que não respeitam as liberdades individuais têm direito a livre associação. O que eles não têm é o direito de exercer coerção por meio do estado sobre outros indivíduos.

Não faz sentido existir partido algum! São apenas organizações que visam usar da força para fazer valer sua vontade sobre os demais.

E aqui não se está fazendo uma falsa simetria entre nazismo e outras ideologias políticas, uma vez que: Nem toda ideia estatista defende o mesmo nível de agressão que o nazismo, mas toda ideologia estatista defende agressão em algum grau, e não há um nível mínimo aceitável para uso da força contra inocentes.

Como combater o nazismo e outras ideias totalitárias?

Muitas pessoas se revoltam com a propagação de ideias totalitárias e estão corretas em querer combatê-las. O problema está em usar o braço do estado para isso, pois ao mesmo tempo que viola os direitos de livre agir das pessoas, aumenta o poder estatal que pode ser usado contra si próprio.

Uma ideia totalitária, contanto que não esteja acompanhada de uma agressão de fato, pode ser perfeitamente combatida por meios não violentos, como o boicote social, por exemplo. O caso de Monark demonstra muito bem isso: O Flow Podcast, do qual ele fazia parte, está perdendo patrocinadores cada vez mais, pois as empresas temem por sua imagem frente ao público. É um ótimo exemplo do quanto esta prática possui resultados efetivos.

São justamente as pessoas que alegam que boicote social não funciona e que desejam apelar para a força estatal, que levaram a obter este resultado da “punição” moral contra Monark e o Flow Podcast, provando que os questionadores da eficácia do boicote social estão errados.

Monark nem sequer é um nazista, só levantou um ponto de forma estúpida sem saber explicar-se, algo que ele já fez várias outras vezes. Uma falta de habilidade, de fato. Mas se a mera ideia de existir um partido nazista foi recebida dessa forma, quê dirá a possibilidade de um partido deste tipo se formar, e ainda mais, do nazismo chegar ao poder?

Aos temerosos pela possibilidade de um regime nazista iminente que só existe em seus pesadelos, deve-se dizer que deveriam estar mais preocupados com um totalitarismo real, que rouba, oprime, censura, tudo em nome de um ideal chamado democracia que alega governar para todos, mas na prática só estão lá para benefício próprio. Enquanto o nazismo é felizmente um pesadelo distante de se concretizar, o regime político vigente é um terror real que dissipa nossas liberdades.

Segue abaixo um excelente vídeo da Universidade Libertária sobre o caso:

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