Foi aprovada no Senado nesta quarta-feira (22) a PEC 8/2021, que limita decisões monocráticas (individuais) no Supremo Tribunal Federal (STF) e em outros tribunais superiores. Durante o debate no Plenário, uma parte dos senadores rechaçou a acusação de que a medida seria uma retaliação à Suprema Corte, enquanto outros acusaram a medida de ser uma invasão indevida nas atribuições daquele do Judiciário. A proposta de emenda constitucional ainda será analisada pela Câmara dos Deputados.
Sobre a PEC
A PEC foi apresentada pelo senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR). O texto veta a concessão de decisão monocrática que suspenda a eficácia de lei. Decisão monocrática é aquela proferida por apenas um magistrado — em contraposição à decisão colegiada, que é tomada por um conjunto de ministros (tribunais superiores) ou desembargadores (tribunais de segunda instância).
Ainda assim, o texto prevê uma exceção em caso de pedido formulado durante o recesso do Judiciário que implique a suspensão de eficácia de lei. Neste caso, a decisão monocrática em casos de grave urgência ou risco de dano irreparável pode ser liberada. No entanto, o tribunal deverá julgar esse caso em até trinta dias após a retomada dos trabalhos, sob pena de perda da eficácia da decisão.
Além disso, o texto ainda prevê:
- Criação de despesas: Processos no Supremo Tribunal Federal (STF) que peçam a suspensão da tramitação de proposições legislativas ou que possam afetar políticas públicas ou criar despesas para qualquer Poder também ficarão submetidas a essas mesmas regras.
- Decisões cautelares: A PEC estabelece que quando forem deferidas decisões cautelares — isto é, decisões tomadas por precaução — em ações que peçam declaração de inconstitucionalidade de lei, o mérito da ação deve ser julgado em até seis meses. Depois desse prazo ele passará a ter prioridade na pauta sobre os demais processos.
Como justificativa para a PEC, Oriovisto apresentou números de um estudo segundo o qual, entre 2012 e 2016, o STF teria tomado 883 decisões cautelares monocráticas, em média, 80 decisões por ministro. O mesmo estudo também indicou que o julgamento final dessas decisões levou em média, entre 2007 e 2016, dois anos. Para Oriovisto, esse grande número de decisões cautelares monocráticas acaba antecipando decisões finais e gerando relações de insegurança jurídica.
A PEC 8/2021 resgata o texto aprovado pela CCJ para a PEC 82/2019, também de Oriovisto Guimarães, que no entanto acabou sendo rejeitada pelo Plenário do Senado em setembro de 2019. A nova proposta foi primeiramente aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no início de outubro com parecer favorável de Esperidião Amin. A votação durou menos de um minuto na ocasião.
Após a votação no Senado, Oriovisto discursou sobre seu objetivo com a PEC:
“Eu luto por essa PEC há cinco anos. O equilíbrio dos Poderes voltará a este país. Eu espero que a Câmara dos Deputados não pare, continue. O Brasil precisa ser modificado, e hoje nós fizemos isso.”
Discursou Oriovisto após a votação
Rodrigo Pacheco, por sua vez, negou qualquer acusação de ofensiva ao STF:
“Não é resposta, não é retaliação, não é nenhum tipo de revanchismo. É a busca de um equilíbrio entre os Poderes que passa pelo fato de que as decisões do Congresso Nacional, quando faz uma lei, que é sancionada pelo presidente da República, ela pode ter declaração de institucionalidade, mas que o seja pelos 11 ministros, e não por apenas 1”
O que irá mudar?
Com a aprovação da PEC 8/2021, ministros individuais do STF já não terão o mesmo poder de autonomia frente aos demais poderes que tinham antes. Algo que era bastante visível nos casos de ministros do STF, como Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e principalmente Alexandre de Moraes.
E qualquer um que não seja um alienado pela política e pela grande mídia percebeu de imediato que as ações dos ministros citados foram verdadeiros casos de abuso de poder. E é claro, sendo muito bem visto pela esquerda política principalmente, já que serviram como ótima arma contra seus opositores.
Um detalhe curioso ficou bem evidente durante a votação no Senado, com o Centrão se juntando à oposição do governo para aprovar a PEC, enquanto a esquerda, principalmente o PT, votou contra. No caso da oposição não há surpresa. Eles estão cientes do quanto o STF foi usado como arma contra eles pela esquerda nos últimos anos.
Já no caso do Centrão, é possível deduzir que, uma vez que o STF limitou os poderes de políticos indesejáveis que já não estão mais no poder, o poder sem limites atribuído até então a ministros do STF individuais, já não será mais necessário. Sem falar que com novos ministros sendo indicados ao STF por Lula, o Centrão quer evitar que o petista use-os para seu proveito.
Quanto à esquerda, com a PEC aprovada, ela perde a chance de tirar proveito dos novos ministros indicados por Lula par fazer frente à oposição crescente que Lula tem que enfrentar no Congresso.
Demorou pra alguém por freio nesses tobados inúteis. Estão preocupados em calar Youtubers enquanto quem comete chacina em Sinop (matando até uma criança de 12 anos) está em liberdade (https://www.sonoticias.com.br/geral/acusado-de-chacina-em-sinop-e-absolvido-e-sera-colocado-em-liberdade)