Segundo o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), o presidente recém-eleito do país, Donald Trump, seria alvo de um novo atentado. Segundo registros judiciais divulgados na última sexta-feira, um agente chamado Farhad Shakeri, que trabalha para a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, havia sido encarregado em setembro de “vigiar e, por fim, assassinar” o presidente eleito Donald Trump.

Segundo os promotores, Farhad Shakeri, que se acredita estar residindo no Irã, informou aos investigadores em uma entrevista por telefone que oficiais não identificados do IRGC o pressionaram a planejar um ataque contra Trump no mês passado. Ele ainda disse que as autoridades iranianas orientaram Shakeri a adiar o plano até depois da eleição presidencial, caso o plano não pudesse ser concretizado a tempo porque a autoridade “avaliou que [Trump] perderia a eleição”, revelaram os documentos de acusação.

Além de Shakeri, outros dois indivíduos que vivem nos EUA – Carlisle Rivera, do Brooklyn, Nova York, e Jonathon Loadholt, de Staten Island -também foram acusados de fazerem parte de um amplo esquema apoiado pelo governo do Irã para supostamente vigiar e, por fim, assassinar indivíduos dentro dos EUA que se opunham ao regime iraniano.

Segundo investigadores do FBI, Shakeri migrou do Irã para os EUA quando criança, mas acabou sendo deportado em 2008 após cumprir mais de uma década de prisão por acusações de roubo. Os investigadores também alegaram que o IRGC vinha usando Shakeri para recrutar contatos criminosos dentro dos EUA para realizar operações específicas, como atacar a jornalista e ativista iraniana-americana Masih Alinejad, residente em Nova York.

Em fevereiro, Shakeri pagou a Rivera e Loadholt cerca de US$ 1.000 para monitorar a ativista – que se manifestou contra o regime do Irã – em um evento na Universidade de Fairfield, em Connecticut. Conforme os documentos do tribunal, as operações de vigilância continuaram em março, quando a dupla supostamente viajou várias vezes para a casa da ativista no Brooklyn. Mensagens de texto, imagens de câmeras de segurança e dados de localização de celulares revelaram as inúmeras viagens.

Em vídeo divulgado na rede social X, Masih Alinejad contou que estava em Berlim, para uma cerimônia alusiva ao 35º aniversário da queda do Muro de Berlim, quando recebeu um telefonema do FBI. “Eles me disseram que prenderam dois indivíduos, contratados pelo regime iraniano, para me matar e para assassinar o presidente Trump. Esses caras foram à minha casa para me matar. Eu tinha sido convidada para ir à Universidade Fairfield, onde daria uma palestra, e o FBI me aconselhou a não ir. Não me disseram o motivo, mas admitiram uma ameaça iminente”, relatou. “Agora, sei o motivo pelo qual não poderia ir à universidade. Estou em choque. Conheço a natureza da República Islâmica. Ela mata qualquer um que se oponha ou critique sua ideologia.”

Em abril, Shakeri concordou em pagar US$ 100.000 a Rivera e Loadholt para “terminar o trabalho” e informou que havia sido encarregado pelo IRGC de contratar pessoas para assassinar a jornalista. E em julho, conforme os documentos de acusação, os iranianos estavam ficando impacientes, instruindo seus ativos norte-americanos a “cuidar disso já”.

O suposto plano para matar o ativista acabou não sendo bem-sucedido.

Rivera e Loadholt não são acusados de fazer parte do plano para atingir Trump. Eles compareceram pela primeira vez a um tribunal federal na quinta-feira e receberam ordem de detenção, segundo o Departamento de Justiça. Shakeri continua foragido.

As acusações anunciadas na última sexta-feira não foram as primeiras feitas contra supostos agentes do IRGC por planejarem matar Trump. No início deste ano, o FBI prendeu Asif Merchant por planejar o assassinato de autoridades do governo dos EUA, incluindo o presidente eleito. Merchant permanece sob custódia e se declara inocente das acusações.

Em pelo menos cinco ocasiões, entre setembro e novembro, Shakeri participou de “entrevistas telefônicas voluntárias com agentes do FBI” em troca de uma redução de pena para outro indivíduo que cumpria pena nos EUA, segundo os registros do tribunal.

Durante as entrevistas com o FBI, Shakeri teria contado sobre o desejo do IRGC de matar Masih Alinejad e atingir turistas israelenses no Sri Lanka com um tiroteio em massa. Ele também disse aos investigadores que o IRGC o encarregou de vigiar dois cidadãos americanos judeus que moravam em Nova York, porém não forneceu às autoridades iranianas informações sobre os alvos não identificados.

Durante a entrevista, Shakeri também teria contado ao FBI sobre o esforço para atingir Trump.

“O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica – uma organização terrorista estrangeira designada – tem conspirado com criminosos e assassinos de aluguel para atingir e matar americanos em solo americano e isso simplesmente não será tolerado”, declarou o diretor do FBI, Christopher Wray.

A divulgação das acusações e alegações faz parte de uma postura mais ampla da inteligência e da aplicação da lei dos EUA para chamar a atenção publicamente para os supostos esforços do governo do Irã para silenciar dissidentes em solo americano e atingir figuras do governo dos EUA após a morte do general Qasem Soleimani do IRGC pelas forças americanas em 2020. Trump e ex-membros de seu governo foram forçados nos últimos anos a aumentar sua segurança devido a tais ameaças.

Nos últimos anos, o Departamento de Justiça acusou vários outros réus de agirem em nome do Irã, tendo como alvo dissidentes declarados que vivem nos EUA.

Se o plano seguido por Fareki tivesse sido colocado em prática, teria sido o terceiro atentado contra Trump durante sua campanha eleitoral, sendo os outros dois um realizado em julho e outro setembro.


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