Autoridades das 7 maiores economias do mundo (G-7) alertaram, no último domingo (12/12), que a Rússia enfrentará graves consequências se Vladimir Putin atacar a Ucrânia.
Segundo informes de inteligências dos Estados Unidos (EUA), a Rússia pode estar preparando uma “ação militar” em várias frentes contra a Ucrânia já em 2022, incluindo um contingente de 175 mil soldados.
De onde vem isso?
A Ucrânia denuncia que a Rússia despacha milhares de soldados para a divisa entre os dois países, no que seria uma sinalização de uma possível escalada militar iminente entre as duas nações. A Rússia alega que não pretende atacar o território ucraniano, mas assegurar sua segurança e responsabiliza o vizinho e os EUA a agirem para criar tensão geopolítica na região.
As preocupações refletiram na Europa e no mundo, com a inclusão da União Europeia e dos EUA em reuniões e com o aviso de aplicar novas sanções contra o governo de Vladimir Putin.
Quais são as motivações de Putin?
O que dizem é que Putin quer a Ucrânia de volta, e nunca se conformou de tê-la perdido em 1991, ano da dissolução da antiga União Soviética. Além disso, o país tem uma forte ligação com a Rússia, somando com sua língua, pelo fato do russo ser vastamente falado por lá e pelos laços históricos, étnicos e religiosos entre os dois povos. Portanto, seria fundamental para que sua visão da “Grande Rússia” se materializasse.
A Rússia há anos intimida os interesses de aproximação da Ucrânia às instituições europeias, e seu principal medo é de que Kiev (capital da Ucrânia) se integre à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental.
Na última sexta-feira (10/12), Moscou exigiu que a Otan não se valesse do compromisso firmado em 2008 com a Ucrânia e Geórgia (outro país da região) que estabelecia a adesão de ambos os países à organização. A Rússia também declarou que Otan estaria cruzando “uma linha vermelha” se armasse países fronteiriços que pudessem afetar a segurança russa.
As tensões entre os dois países são recentes. Em 2014, a invasão russa culminou com a anexação da Península Crimeia — que era um território pertencente à Ucrânia. Por outro lado, separatistas apoiados pela Rússia também tomaram territórios ao leste de Kiev, denominados como Donets.
Sendo assim, a relação entre os dois países é marcada por incertezas. A Crimeia desde 2014 passou a estar sob influência russa; enquanto as repúblicas de Donetsk e Lugansk agora disputam territórios contra o exército da Ucrânia se autodenominando uma região autônoma e tendo apoio da Rússia.
A maioria dessas regiões autônomas fazem parte da antiga URSS, por isso, o Rimland (teoria sobre controle das bordas da Eurásia) prossegue sendo uma área de retenção do exército russo.
O que está por trás das tensões e risco de conflito entre a Rússia e a Ucrânia?
A inquietude entre a Rússia e Ucrânia eclodiram com a Ucrânia (com o apoio de potências ocidentais) rompendo o cessar-fogo do conflito do Dombass (região com forte presença de separatistas pró-rússia) em meio de 2020/2021, compromisso esse sendo negociado no acordo de paz tripartite de Minsk, com mediação da pela Organização de Segurança e Cooperação da Europa (OSCE).
Hoje o exército da Ucrânia possui drones turcos Bayraktar avançando sua fronte contra as regiões de Donetsk e Lugansk no Donbass, a Ucrânia movimentou 125 mil soldados com equipamentos militares dados pelos EUA para as bordas de Donbass e mobilizou um sistema de artilharia pesada para a borda da Crimeia fazendo um cerco entre as duas regiões.
Em resposta à ação militar em Donbass, a Rússia faz exercícios militares perto da fronteira da Ucrânia, com o intuito de atuar caso forças militares da Ucrânia lancem ataques à população de Donbass. Como meio de evitar um massacre da população russófona no Donbass(assim como aconteceu em ataques deliberados das tropas da Ucrânia a civis desde 2014.)
Cabe destacar que o governo russo age na sua política externa com base na doutrina Karaganov. essa doutrinal surgiu com o colapso da União Soviética onde a maioria de russos étnicos ficaram vivendo em ex-repúblicas ex-URSS fora da Federação da Rússia, esta doutrina visa proteger e conservar os direitos dessas minorias étnicas russas fora do espaço da Federação da Rússia, para manter o diálogo e paz entre os dois povos e seus respectivos países.
Nesse sentido, a Rússia nunca deu apoio a uma anexação ou separação completa de Donbass da Ucrânia, ou conspirou para que os civis conclamem contra o governo ucraniano.
O que ocorreu foi que as populações russófonas do Donbass rejeitam o governo pró-Europa instalado após a revolução Maiden em 2014 da Ucrânia, que passou a proibir o idioma russo e a demandar a ruptura com Moscou.
A população de Donbass briga por sua autonomia de preservar sua origem e laços com a Rússia.
Tensões com potencias ocidentais
O presidente americano, Joe Biden, declarou que Washington não planeja enviar tropas à Ucrânia ou iniciar “um conflito unilateral” contra a Rússia. A questão é que se houver uma “atuação militar” russa, os EUA enviarão um efetivo aos países vizinhos da OTAN à Ucrânia, fazendo um cerco contra a Rússia.
As relações entre a Rússia, Europa e EUA não se encontram em seu melhor momento. As tensões implicam desde energia e intromissão política até guerra cibernética e a acusação de que o país auxiliou a Bielorússia a instrumentalizar uma crise de refugiados na União Europeia.