A vasta maioria da população mundial é menos livre hoje do que há cerca de uma década – e todos os residentes dos 10 países mais populosos do mundo viram sua liberdade diminuir no mesmo período.
Essa é a conclusão mais preocupante do Human Freedom Index, um relatório anual produzido pelo Cato Institute e pelo Frasier Institute, um think tank libertário canadense. O índice deste ano, divulgado quinta-feira, classifica os Estados Unidos como o 15º país mais livre do mundo entre 156 jurisdições incluídas na análise.
Os cinco principais países mais livres são Suíça, Nova Zelândia, Dinamarca, Estônia e Irlanda. Egito, Sudão, Iêmen, Venezuela e Síria estão nas últimas colocações, que levam em consideração 82 indicadores de liberdades econômicas, pessoais e civis.
Algum lugar deve ser considerado o mais livre do mundo, mas as tendências globais estão indo na direção errada. Desde que o primeiro relatório foi publicado em 2008, os autores da versão deste ano observam que cerca de 83% da população mundial viu a liberdade diminuir. A diferença entre os mais e os menos livres também aumentou, com cerca de 40% da população mundial agora residindo em países que estão entre os 20% mais baixos em liberdade geral.
“O declínio dos direitos fundamentais representa uma tendência preocupante que já ocorria antes do mundo experimentar a pandemia COVID-19 e seus efeitos sociais e políticos”, escreve Ian Vásquez, vice-presidente de estudos internacionais do Cato. “As áreas que sofreram as maiores quedas em todo o mundo foram liberdade de expressão, liberdade de religião e liberdade de associação, reunião e sociedade civil. Embora nosso relatório ainda não recolha dados de liberdade de 2020, esperamos ver uma deterioração em indicadores de liberdade nos relatórios futuros.”
A liberdade nos Estados Unidos está em declínio em termos absolutos e relativos, de acordo com o relatório. Em 2008, os EUA classificaram-se em sétimo lugar no mundo, mas caiu constantemente.
Mas o declínio da liberdade nos Estados Unidos não é nada comparado ao que aconteceu na Hungria – um país agora rotineiramente (e erroneamente) considerado por segmentos da direita nacionalista como um exemplo que os Estados Unidos deveria seguir. A Hungria está em 59º lugar no índice deste ano, caindo da alta em 2009 onde ficou em 29º lugar. Os recentes esforços do ditador Viktor Orbán para restringir a liberdade de expressão e erodir o estado de direito estão claramente refletidos nas avaliações, com a Hungria agora classificando-se consideravelmente menos livre do que seus vizinhos europeus:
Como o jornal Reason observou no mês passado, a dupla ameaça do populismo político e da pandemia COVID-19 desencadearam uma erosão dos valores de liberdade em todo o mundo. O “International Institute for Democracy and Electoral Assistance”, organização sem fins lucrativos com sede na Suécia que acompanha democracias ao redor do mundo desde 1975, alerta em um novo relatório que o número de países que estão se tornando “mais autoritários” pelos cálculos do grupo é três vezes maior do que países que estão caminhando para a liberdade. Este é o quinto ano consecutivo em que a tendência avança nessa direção.