Assim como a variante Ômicron continua impulsionando casos e internações ao redor do globo, novas restrições da pandemia — incluindo o passe sanitário — estão evocando novos confrontos políticos na Europa.
Na França, o presidente francês Emmanuel Macron está sofrendo uma forte reação sobre seu recente discurso contra os não vacinados. Mais de 100 mil pessoas protestaram, sábado (8), demonstrando sua indignação contra o passe sanitário e as vacinas, o qual proíbe as pessoas não vacinadas de ingressarem em restaurantes, espaços de lazer e culturais ou viagens de longas distâncias num transporte público.
O projeto de lei foi aprovado na quinta-feira passada pela câmara baixa do parlamento francês e prosseguiu para análise do Senado.
O número de manifestantes foi quatro vezes maior do que a última mobilização de 18 de dezembro, segundo o governo francês.
Atos foram convocados em várias cidades do país, onde alguns aconteceram tumultos, como em Paris e Montpellier, onde a polícia usou gás lacrimogêneo para restabelecer a ordem. 10 policiais ficaram feridos e 34 pessoas foram presas, segundo o Ministério do Interior.
Esse aumento nas mobilizações se iniciou após declarações de Macron de que queria dificultar a vida daqueles que se recusaram a tomar o imunizante, porque “irresponsáveis não são cidadãos”. Palavras que assegurou assumir “total responsabilidade” na sexta-feira.
“Macron mandamos você à m.”, “Quando teremos uma vacina de verdade?” e “Confiança quebrada” eram bordões presentes em cartazes feitos à mão.
O presidente do partido de direita, Patriotas, e candidato à presidência em 2022, Florian Philippot, denunciou: “país da tirania, da segregação, onde milhões de pessoas estão isoladas”. Um reformado francês não vacinado afirmou-se “chocado e magoado” com as declarações de Macron, que as julgou “discriminatórias e insultuosas”. Ele ainda apresentou uma queixa contra o chefe de Estado Francês por “difamação e ameaças públicas por parte de autoridades”.
Macron talvez tenha consciência da sua posição, mas deverá ter cuidado pelas eleições presidenciais francesas para daqui a 3 semanas, o presidente precisará manter estabilidade em sua liderança nas intenções de votos acima da oponente de centro-direita Valérie Pécresse.
Enquanto isso, na República Tcheca, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Praga (capital do país) em protesto contra a vacinação compulsória para todos com mais de 60 anos que entraria em vigor em março. O que é surpreendente aqui é que o novo governo tcheco era de oposição ao plano quando seus partidos eram contra a medida, mas agora decreta que terá que manter o mandato da vacina. Um vaivém numa questão tão conturbada não é bom começo para uma coalizão instável em um país com uma das menores taxas de confiança da UE no governo.