Economistas mainstream estão reconhecendo agora algo que os economistas austríacos já vinham alertando nos últimos anos: uma recessão econômica se aproxima. No entanto, os mesmos economistas ainda insistem nos mesmos erros, tanto referente à explicação da recessão quanto sobre o quê deve ser feito.
EUA poderá entrar em recessão em 2023
Segundo economistas do Bank of America Securities, há cerca de 40% de chance de uma recessão nos Estados Unidos se iniciar ano que vem, com a inflação permanecendo alta.
Para eles, há previsão de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA diminua para quase zero até o segundo semestre do próximo ano “à medida que o impacto defasado das condições financeiras mais apertadas esfria a economia”. Também há a previsão de haja uma recuperação “modesta” no crescimento em 2024, de acordo com um relatório de pesquisa desta sexta-feira (17).
Economistas do BofA, que haviam previsto um crescimento econômico mundial de 4,3% – reduziram suas projeções para 3,2% para este ano.
Inflação nos EUA bate record dos últimos 40 anos
A taxa de inflação nos EUA já é a maior dos últimos 40 anos, ficando acima de 8%. Especialistas reconhecem isso como efeito colateral da injeção de dinheiro na economia realizada durante as gestões de Trump e Biden para reanimar a economia e que para eles tal efeito era algo inesperado.
Como medida para conter a inflação, o Fed aprovou na última quarta-feira (15) seu maior aumento de juros em mais de um quarto de século, elevando sua taxa básica em 0,75 ponto percentual, para um intervalo entre 1,5% e 1,75%.
Os economistas mainstream, no entanto, estão preocupados com essa medida do Fed.
“Nossos piores temores em torno do Fed foram confirmados: eles ficaram muito atrás da curva e agora estão jogando um jogo perigoso de compensação”, escreveu Ethan Harris, economista global do BofAS, acrescentando que a empresa espera que o Fed aumente os juros para “acima de 4%”.
Em entrevista ao G1, o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Samuel Pessôa, afirmou que a contração monetária americana irá ajudar a segurar os preços, inclusive dos combustíveis, em todo o mundo. No entanto, para ele tal medida terá um preço. “EUA crescendo menos é ruim para os emergentes”, afirma.
Inflação pegou economistas mainstream de surpresa
Os economistas americanos foram surpreendidos com a divulgação do índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) ao apresentar uma subida de 1,0% em maio, na comparação com abril. Os dados haviam sido divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Departamento do Trabalho americano.
Segundo o consenso Refinitiv, os dados informados pela CPI mostram uma índice de inflação bem acima do esperado pelo mercado, que tinha uma estimativa de uma alta de 0,7% na comparação mensal para a inflação e 0,5% para o núcleo. Na base anual, a projeção era 8,3% para o índice “cheio” e 5,9% para o núcleo.
De acordo com o economista Étore Sanchez, o CPI de maio mostra que a inflação nos EUA ainda não atingiu seu pico e deverá continuar a subir. Para ele, o mais surpreendente foi a alta em 12 meses ter acelerado de 8,3% em abril para 8,6% — acima da projeção mais pessimista, que era de 8,5%. “A teoria de que a inflação já tinha atingido seu pico perde força”.
Em entrevista à CNN Brasil na última quinta-feira (16), o economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, que a alta inflação que está atingindo o mundo todo era algo que os economistas (mainstream, é claro) não haviam previsto.
“Surpreende muito para os países desenvolvidos e para o resto do mundo a velocidade e a intensidade dessa inflação. Ela veio muito acima do que os economistas e o BC imaginavam que poderia ser no início”
Stephan Kautz
O aumento da inflação chegou a até mesmo confundir um aplicativo que registra inflação no Brasil.
Segundo reportagem do Folha de São Paulo, as donas de casa vem relatando que os aplicativos vem emitindo um alerta pedindo para confirmar se o preço informando está correto. A mensagem “O preço informado está fora da variação permitida. Deseja continuar?”, é emitida toda vez que algum preço é informado. Isso evidencia o quanto a alta inflação ultrapassou até mesmo os modelos de previsão que serviram de base para os aplicativos.
“É bem assustador comparar com outra época, e não estou falando de tanto tempo atrás, e ver o quanto a gente perdeu de poder de compra”, afirma Sylvia de Assis Cardoso, funcionária do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Os economistas austríacos alertaram sobre a recessão
Economistas mainstream foram pegos completamente desprevenidos sem entender como suas previsões falharam. Mesmo suas estimativas de inflação com base na pandemia do covid e guerra na Ucrânia (que sempre tentaram apresentar como as únicas causas da inflação dese ano) foram superadas pelo atual índice de inflação.
No entanto, os economistas austríacos, munidos de uma teoria econômica sólida e fundamentada, já haviam previsto que uma crise já vinha se desenrolando, e que logo a expansão da oferta monetária pelo Fed iria causar uma alta inflação.
Em vários artigos, inclusive no site do Mises Institute, economistas austríacos vinham alertando para as consequências das políticas monetárias do Fed e de outros bancos centrais no mundo todo, e do quanto isso iria causar distorções na economia acompanhadas de uma perda no poder de compra dos cidadãos comuns. (Se quiser entender mais sobre crises e ciclos econômicos, clique aqui).
Infelizmente, boa parte do público não está ciente da verdadeira causa da recessão que está por vir, e isso permite que políticos e burocratas continuem fazendo uso das mesmas políticas monetárias que levaram a isso.
É importante que a verdade sobre a recessões seja divulgada ao máximo para público. É necessário que todos saibam o quanto antes as verdadeiras causas da constante queda no seu poder de compra essa estagnação econômica que cresce cada vez mais.
Os economistas fajutos que inspiram essas políticas desastrosas precisam ser expostos mostrando o que realmente são: incompetentes na melhor das hipóteses e vigaristas na pior delas.