Cada cultura possui valores intrínsecos à sua formação. Tais valores são as bases morais e éticas sobre as quais a estrutura social de um povo é construída. A antropologia é o ramo de estudos que nos ajuda a identificarmos nas diversas culturas os elementos que a estruturam.

As brigas mais ferrenhas que travamos, nos temas mais variados, são decorrentes dos nossos fundamentos valorativos. Se partimos de bases diferentes, nossas estruturas de pensamento estarão alicerçadas em lugares distintos.

No momento atual, o Brasil está passando por uma briga política que perdura há quase uma década. Desde as manifestações de 2013, época em que protestos contra o aumento da tarifa de ônibus, no valor de vinte centavos, desencadearam protestos contra tudo e contra todos, estamos nessa peleja.

Esquerdistas e direitistas brigam para descobrir quem é mais moral. Na esquerda, ouvimos que a democracia está em risco, que o fascismo foi institucionalizado, e que o presidente Bolsonaro, genocida, desde de sempre, afirmam, acabou com tudo que havia de bom no Brasil nos últimos quatro anos. Enquanto isso, do lado direito, vemos manifestações a favor da família tradicional, berros contra o comunismo, e como não podia faltar, a defesa da pátria.

Os adeptos da esquerda querem uma sociedade estruturada com seus valores, e por isso, veem a direita como inimiga. Os adeptos da direita desejam o mesmo que a esquerda: uma sociedade estruturada com os valores que estimam, e consequentemente, enxergam a esquerda como inimiga.

Não existe possibilidade alguma desse arranjo dar certo. A democracia força o casamento entre pessoas que se odeiam. Quando nos sugerem o voto, estão nos dizendo para escolhermos como os outros devem viver as suas vidas. Quem gosta de amendoim, será obrigado a comer doce de leite, caso a maioria assim decida.

A solução mais adequada repousa nas interações voluntárias. O poder centralizado em grandes territórios deve acabar. A secessão precisa ser naturalizada na sociedade tal qual foi o divórcio.

Não consideramos uma pessoa de índole má ao sabermos que ela se divorciou . Quem decide abster-se do casamento será respeitado do mesmo modo que seria caso optasse pelo matrimônio.

A união entre pessoas só ocorre através das similaridades de valores morais e éticos, e objetivos em comum. Se temos valores diferentes, não devemos ser obrigados a nos relacionarmos e, muito menos, a nos financiarmos mutuamente, como é o caso na democracia, através de impostos.

Se para um peso, há duas medidas, isso não significa que as duas medidas devam ser adotadas pelas partes que desejam usar apenas uma delas em suas medições.

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