Google aponta censura prévia em ordem de Moraes contra o canal do PCO

Google afirma haver censura prévia em ordem de Moraes para derrubar canal do PCO

O Google entrou com um recurso contra a ordem de derrubar o canal do Partido da Causa Operária (PCO) do YouTube – plataforma de vídeo pertencente a empresa notificada -, dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em manifestação encaminhada ao STF, a empresa afirma que “não havia indicação de conteúdos ilícitos”, e que por isso a derrubada do canal configuraria “censura prévia”.

O caso

Em junho de 2022, Moraes havia ordenado o bloqueio das contas do PCO no YouTube e nas redes sociais. A decisão foi emitida pelo ministro em represália às postagens em que o partido pedia a dissolução do STF e atribuía atos criminosos aos ministros da Corte.

Após um primeiro recurso do Google, o entendimento de Moraes foi mantido em novembro, em julgamento colegiado no plenário do STF. O julgamento teve o resultado de 7 X 2 a favor da decisão de Moraes, sendo Nunes Marques e André Mendonça os únicos ministros que votaram contra.

Mesmo após acatar ordem, Google mantém seu questionamento

Apesar de discordar da decisão de Moraes, o Google acatou a ordem do ministro integralmente. No entanto, pela empresa entender que tal decisão foi infundada, decidiu recorrer uma segunda vez. Para o Google o voto de Moraes no julgamento colegiado, seguido pela maioria dos colegas, não apresentou fundamentos suficientes para a manutenção de sua decisão anterior.

“É certo que conteúdos tidos como ilícitos podem ser individualmente identificados e removidos, bem como seus responsáveis responsabilizados; essa premissa, no entanto, não autoriza a possibilidade de bloqueio de todo o canal”

afirmou o Google

Segundo a defesa da empresa, o acórdão do STF teve omissões ao não justificar a ordem de remoção do canal do PCO por tempo indeterminado, e não apontou quais conteúdos especificamente eram ilegais.

Quanto ao conteúdo já existente, a ordem pode atingir todos os vídeos já publicados no canal – ativo desde 2008 com 21.000 (vinte e um mil) vídeos –, inclusive aqueles que nunca tiveram sua licitude questionada, das mais variadas naturezas (jornalísticos, culturais, políticos, dentre outros), que refletem os ideais partidários e que não têm qualquer vinculação com o objeto da investigação. Quanto ao conteúdo futuro, a ordem equivale a verdadeira censura prévia, historicamente vedada pela jurisprudência desse STF”. Concluem os embargos.

A defesa também afirmou que a decisão do STF não analisou o pedido do Google para que houvesse alguma delimitação temporal ou indicação de endereços de conteúdos que devem ser preservados para fins investigativos. A ordem da Corte é para que o material do canal seja integralmente preservado.

Nenhuma censura é justificável

Não apenas a censura prévia do canal do PCO é injustificável. A censura de qualquer conteúdo do partido – independente de sua natureza, assim como o de qualquer indivíduo ou instituição – é injustificável.

Todo indivíduo deve ter a soberania sobre seu próprio corpo e sobre sua propriedade respeitada, e a liberdade de expressão dentro de sua propriedade ou onde lhe for autorizada deve ser irrestrita. Mesmo que o Google não tenha defendido a liberdade de expressão do PCO integralmente, é um ponto positivo a big tech não ter se dobrado totalmente aos mandos e desmandos do STF.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Carlos Monteiro dono de bar de rock
Direito

Dono de bar de rock em SP é morto por cliente após expulsá-lo por importunação

Carlos dos Santos Monteiro, um dono de um bar de rock da Zona Sul de São Paulo, foi morto com golpes de canivete no pescoço e nas costas por um cliente após expulsá-lo do estabelecimento por assediar uma funcionária e ter importunado outros clientes. Um crime lamentável, que poderia ter sido evitado caso a vítima […]

Leia Mais
Dono de loja reage a assalto no Paraná
Direito

Dono de loja reage a assalto e deixa criminoso gravemente ferido

Contrariando as alegações de desarmamentistas de que o porte de armas não garante segurança contra criminosos, o dono de uma loja protegeu a si, seus funcionários e sua propriedade ao deixar um assaltante gravemente ferido. O caso O episódio aconteceu em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, onde o criminoso, um homem de 23 […]

Leia Mais
Cobasi
Direito

O processo multimilionário da DPE/RS contra a Cobasi pela morte de animais em enchentes

A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (DPE/RS) entrou com uma ação judicial contra a Cobasi, empresa especializada em produtos e serviços para animais domésticos que também comercializa animais de estimação. Com a ação, o órgão busca uma indenização de R$ 50 milhões pela morte de 42 animais de estimação para venda em duas […]

Leia Mais