Estima-se que em 2021, cerca de 490 milhões dos quase 1,4 bilhões de pessoas da África viviam com menos de US$1,90 por dia. Para ter uma noção da pobreza africana, observe que 9 dos 10 países mais pobres estão na África subsaariana. Muitos fatores explicam o subdesenvolvimento da África, mas ao contrário do que alguns podem acreditar, as perspectivas econômicas do continente estão longe de ser desesperadoras. De fato, mesmo no mundo desenvolvido, muito pode ser feito para ajudar a melhorar a vida de milhões das pessoas mais pobres do mundo. Se nós, no Ocidente, quisermos ajudar aqueles com quem nos preocupamos, uma das primeiras políticas a serem removidas deveria ser a de subsídios agrícolas que distorcem os preços.
Os subsídios ocidentais (e chineses) são ruins para muitos agricultores africanos. A África depende das exportações de commodities, e quando os países desenvolvidos distribuem somas enormes aos produtores domésticos, os preços globais das commodities caem. Estes subsídios não só desperdiçam enormes quantidades de dinheiro dos contribuintes, mas ao baixar artificialmente os preços das mercadorias, os subsídios distorcem o mecanismo de preços e impedem os produtores africanos de obter um preço de mercado justo para sua mão-de-obra.
O estudo de caso dos subsídios ao algodão que afetam os produtores da África Ocidental ilustra bem este fenômeno.
Os quatro países da África Ocidental com um interesse significativo no comércio global de algodão são Benin, Burkina Faso, Chade e Mali. Juntos eles são conhecidos como os quatro países produtores de algodão. Todos eles estão na lista dos Países Menos Desenvolvidos da ONU e juntos ganham cerca de 60% de sua renda total diretamente do algodão.
Os 4 países produtores de algodão produzem apenas cerca de 3% do algodão do mundo. A China e os EUA juntos produzem mais de 40%, embora os agricultores africanos sejam muitas vezes mais eficientes na produção de algodão. Por que a China e os EUA produzem muito mais quando seus produtores de algodão são relativamente ineficientes? Uma razão é que os governos americano e chinês enviam somas enormes para a produção de algodão, distorcendo incentivos e fazendo com que os agricultores aumentem artificialmente a oferta.