A verdade sobre a mortalidade relacionada ao clima

Antártida

Em seu recente discurso sobre o Estado da União, o presidente Joe Biden abandonou o termo “mudanças climáticas“.

Aparentemente, a frase não é assustadora o suficiente. Em vez disso, como observou o New York Times, Biden empregou uma frase aliterativa diferente: crise climática.

Que o clima da Terra está mudando e que a atividade humana influencia essas mudanças em um grau ou outro é algo que poucos negam hoje em dia. Mas a alegação de que essas mudanças representam uma crise para a humanidade merece ser examinada.

É um fato incontestável que as mortes relacionadas ao clima caíram drasticamente no último século.

O Banco de Dados Internacional de Desastres é um conjunto de dados composto por mais de 26.000 desastres em massa desde 1900 e é mantido pelo Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia de Desastres da Universidade de Louvain, em Bruxelas. Ele mostra que as mortes relacionadas ao clima caíram 99,5% desde 1920.

É importante entender que mesmo aqueles que acreditam que a mudança climática é uma crise humana admitem esse fato, como fez a Reuters nesta verificação de fatos de 2023.

(Leia também: Crise climática – entre os fatos e a histeria coletiva)

Sem dúvida, isso é verdade, embora outros fatores não identificados tenham desempenhado um papel importante, como melhorias na medicina e outras tecnologias que salvam vidas. Mas esse é o ponto principal: As consequências adversas dos desastres climáticos podem ser atenuadas com a engenhosidade humana.

Aqueles que argumentam que a mudança climática é uma “crise” têm dificuldade em reconhecer esse fato. Muitos preferem chamar os céticos da crise climática de “negacionistas” ou acusá-los de espalhar informações errôneas.

De fato, o próprio artigo da Reuters que admite que as mortes relacionadas ao clima caíram vertiginosamente afirma que isso “não é evidência de uma ‘emergência’ climática” e alega que esses números são “enganosos”.

“A mortalidade por desastres não é uma métrica útil para quantificar a mudança climática”, afirma a verificação de fatos.

Há dois problemas com essa alegação.

Em primeiro lugar, dizer que a mortalidade por desastres é uma métrica inadequada para entender a mudança climática é uma opinião, não um fato. Ter opiniões é perfeitamente aceitável, mas a Reuters está realizando uma verificação de fatos. (E apontar que as mortes relacionadas ao clima caíram drasticamente no último século é um fato, não uma opinião).

Em segundo lugar, aqueles que acreditam que a mudança climática é uma crise têm pouco problema em usar os números de mortalidade por desastres quando os números contam sua história.

O Fórum Econômico Mundial projeta que “até 2050, as mudanças climáticas podem causar mais 14,5 milhões de mortes”. O New York Times não tem problemas em relatar um estudo da Organização Mundial da Saúde que projetou “250.000 mortes anuais de 2030 a 2050” devido às mudanças climáticas. O mesmo acontece com a Forbes, que compartilhou números de um estudo da Nature Communications que afirmava que a mudança climática resultaria em 83 milhões de mortes em excesso.

E ainda há a Reuters.

A mortalidade por desastres parece ser uma métrica perfeitamente útil para entender as mudanças climáticas, pelo menos quando os números mostram que milhões de pessoas estão morrendo. Essa é realmente a maior diferença aqui – bem, isso e o fato de que o International Disaster Database está usando mortes reais, não mortes imaginárias em um futuro hipotético sonhado por modeladores.

Só podemos nos perguntar se é por isso que tantas pessoas estão sofrendo de fadiga de crise. Como se o mundo estivesse, de alguma forma, sofrendo com a escassez de crises genuínas, os pessimistas estão criando crises imaginárias que ainda não se materializaram, mas que poderão se materializar em um futuro não muito distante se não fizermos o que nos é pedido.

Nada disso quer dizer que não devemos ser administradores responsáveis do meio ambiente; nós devemos. Mas também devemos reconhecer a verdade econômica básica de que todas as políticas vêm com compensações, e essas compensações têm o potencial de ser muito mais prejudiciais para a humanidade do que até mesmo as visões mais sombrias conjuradas pelos pessimistas da mudança climática.

“Mesmo que eu pudesse ir a pé até o supermercado, não haveria comida lá”, disse Samantha Gross, diretora da iniciativa de segurança energética e climática da Brookings Institution, ao Washington Post em um artigo que imaginava um mundo sem combustíveis fósseis.

Felizmente, essa visão também é apenas imaginária. Mas a história mostra a rapidez com que os pesadelos podem se tornar realidade quando o Estado passa a ter controle irrestrito sobre uma economia.

E é isso que torna a retórica de Biden sobre a crise climática tão perigosa.

As crises, tanto reais quanto imaginárias, têm sido o maior inimigo da liberdade na história moderna. Em seu livro Crisis and Leviathan (Crise e Leviatã), o historiador Robert Higgs mostrou como elas têm sido o pretexto usado repetidamente pelos detentores do poder para pisotear os direitos individuais, violar constituições e reforçar seu controle sobre o poder.

Quando se entende o potencial político das crises e o apelo do alarmismo da mudança climática para aqueles que apoiam sistemas econômicos planejados, não é difícil ver por que estamos passando por uma “crise climática”, mesmo quando as mortes relacionadas ao clima estão em níveis historicamente baixos (veja abaixo).

Artigo escrito por Jon Miltimore, publicado em Washington Examiner e traduzido e adaptado por Rodrigo

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