As discussões sobre corte de gastos do governo vêm sendo um verdadeiro espinho no pé de Lula e do PT. A tensão dentro do partido é tão grande que foi até mesmo publicado um manifesto criticando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela proposta de corte de gastos do governo. O manifesto expõe uma racha entre alas pró-Haddad e anti-Haddad dentro do PT.
A ala anti-Haddad
Além do corte de gastos, a ala anti-Haddad do PT também criticou no manifesto a limitação de reajustes de programas sociais, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o seguro-desemprego. Outras duas áreas com possível restrição no pacote são saúde e educação. Há resistência de Lula, do PT e de legendas de esquerda que hoje apoiam o Planalto.
A ala anti-Haddad também acusa Haddad de estar “cedendo a pressões do mercado”. O documento também afirma que não há nenhuma crise fiscal, apenas um “fantasma” propagado pela mídia. O mesmo também afirma que o governo “retomou os fundamentos econômicos” (na verdade, os erros econômicos que o PT acha que são fundamentos).
Como era de se esperar, Gleisi Hoffman e companhia (compondo a ala anti-Haddad) fazem os velhos apelos do PT de achar que gastança pública e canetada garantem emprego, crescimento econômico e aposentadoria. Gleisi parece ignorante quanto à verdadeira realidade sobre o desemprego no Brasil, o crescimento econômico pífio e uma crescente crise previdenciária.
A ala pró-Haddad
Entre os apoiadores de Haddad e de sua iniciativa quanto à necessidade do corte de gastos, está o deputado Emídio Souza. Em reação às críticas contra Haddad, o deputado nega que tais reduções de gastos sejam desnecessárias ou “caprichos do mercado”.
Emídio cocluiu afirmando que “que o partido pode e deve debater o governo, suas medidas e condutas, mas jamais num clima de confrontação e muito menos na mídia”.
Mesmo Lula sendo contra o corte de gastos, se vê obrigado a aceitar a discussão sobre tal medida, pois sob o impacto da gastança sem limite sob seu governo. Principalmente a perda de aliados.
Tal divisão era inevitável
A crescente divisão interna do PT entre os favoráveis e contra as medidas econômicas do ministro Haddad já eram evidentes e conhecidas, a questão é que a manutenção de uma unidade dentro do partido já se tornou insustentável e agora o racha foi oficializado de vez.
A obsessão da ala anti-Haddad com as loucuras da Teoria Monetária Moderna os levou a apoiar cada vez mais medidas que a longo prazo teriam consequências nefastas para o país (para entender o que é a Teoria Monetária Moderna, clique aqui). Enquanto isso, a ala pró-Haddad, mesmo longe de seguir o verdadeiro pensamento econômico, reconhece a necessidade de limitar tais medidas, pois estão cientes dos estragos que elas trariam, incluindo a reputação do PT.
Se tal tensão interna seguir, poderemos testemunhar uma forte pressão por parte da ala anti-Haddad para a expulsão de Haddad do cargo de ministro da Fazenda. O que seria pouco provável, já que a maioria dos aliados do governo Lula rejeita as insanidades pseudoeconômicas da ala anti-Haddad.