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O Instituto Cato realizou recentemente uma pesquisa para avaliar o nível de aprovação dos americanos quanto à implementação das Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDC, na sigla em inglês).
A pesquisa revelou que grande parte dos cidadãos não está familiarizada a tecnologia e, com isso, seu potencial de vigilância associado. Quando informados, geralmente se opõe. Os informados que ainda assim a aceitam são desproporcionalmente os mais jovens. Os mais novos parecem tender a priorizar segurança à liberdade e privacidade.
As perguntas não foram apenas sobre esse tema em específico, no entanto. A mesma pesquisa avaliou a aprovação dos americanos quanto à instalação de câmeras de vigilâncias em todas as residências pelo governo como parte do esforço de luta contra a violência doméstica e outras atividades ilegais. Os resultados são apresentados a seguir.
A pesquisa mostrou que 75% dos respondentes foram contra a instalação de câmeras de vigilância do governo em ambientes residenciais privados; 14% foi a favor e 10% não soube responder. A porcentagem, contudo, foi drasticamente alterada quando discriminadas as respostas por idade. Considerando os mais jovens, os chamados da “geração Z”, com menos de 30 anos, 29% dos entrevistados afirmaram que aprovariam a ideia; em contraste, os respondentes acima de 45 consistentemente aprovaram apenas 6% das vezes. O apoio reduziu substancialmente com o passar da idade.
Não foi encontrada diferença substancial entre os respondentes com relação a sua ideologia política, se mais de esquerda ou mais de direita, contudo, os pertencentes à esquerda foram levemente mais favoráveis. Negros e hispânicos foram mais propensos que brancos e asiáticos a aceitar as medidas de vigilância, talvez associado ao contexto de maior violência no qual tendem a estar inseridos.
Para finalizar, o Instituto Cato relacionou as duas respostas, revelando que mais da metade dos que aprovaram a vinda dos CBDCs também aprovou a instalação das câmeras.
A pesquisa foi realizada entre 27 de fevereiro e 8 de março deste ano, por meio da entrevista de 2000 americanos, com margem de erro de 2,54% para mais ou para menos.
Algumas considerações
Não é possível saber pela pesquisa quanto desse efeito é resultado da pouca idade, e da visão de mundo mais imatura geralmente associada, e quanto constitui fenômeno geracional.
Os dois efeitos trabalha certamente em conjunto aqui, pois a geração mais nova já nasce inserida em um mundo tecnológico que constantemente tende a reduzir sua privacidade, tornando-os mais acostumados com exposição e menos propensos a questioná-la.
Nada prova ser o caso, mas, se essa tendência permanecer nas próximas décadas, pode-se esperar o crescimento do estado sem grandes limitações. Escrevi em outro lugar que o poder do estado advém da mentalidade presente em todos que nele acreditam. Força é suficiente para conquistar um povo, mas não para domá-lo e liderá-lo. Para isso, é necessário a aprovação da maioria, ou ao menos sua não resistência, o que também é fruto da mentalidade reinante pela existência, por exemplo, do medo associado à incerteza. Todo dominador não deve apenas se mostrar útil, mas necessário; assim, abrirá caminho para sua dominação perpétua.
O que as próximas gerações aceitarão como normal, só o tempo dirá.
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