Para quem não conhece o novo Auxílio Brasil, ele integra em um só programa várias políticas públicas de assistência social, saúde, educação, emprego e renda. É uma forma de redistribuição de renda para famílias mais pobres, assim como foi o programa Bolsa Família.
Não cabe aqui discutir nesse artigo o programa, o foco é que Bolsonaro foi eleito tecendo comentários negativos sobre o programa Bolsa família, que ganhou mais força nos governos de Dilma e Lula, e agora faz a mesma coisa.
É interessante como políticas de “esquerda” são frequentemente realizadas por governos de “direita” e vice-versa. Quando o Lula incentivava tal medida(renda básica universal) em seu governo é “comunismo”, quando Bolsonaro faz a exata mesma coisa, é “patriotismo”. O nome dado a certa política, ou aos seus motivos, servem somente para disfarçar uma coisa: o populismo.
Ao que parece, apesar de cada grupo ideológico ter os seus próprios termos e motivos, todos, na prática, defendem a mesma coisa; ou, pelo menos, quando estão no poder realizam somente as mesmas políticas.
As supostas bandeiras, pautas e lutas levantadas servem apenas para legitimar, na visão dos eleitores, uma medida que já seria aprovada independente do consentimento dos mesmos ou até do candidato eleito.
O porquê de Bolsonaro criar esse projeto é simples: funciona para a sua reeleição. E é isso que importa. Todo político tem em sua hierarquia de prioridades: 1)se eleger; 2)se re-eleger; 3) e independentemente da terceira, é certo que é bem inferior que as outras duas.
Os motivos que serão utilizados para “justificar” tais medidas ou omitir esse fato simples são diversos, de forma geral apelam para fantasmas políticos como “A volta do comunismo” (se for um candidato de direita) ou “A volta do fascismo” (se for um candidato de esquerda).
Sempre quem governa é o centro, não há espaço para ideologias, existem milhares de funcionários públicos que exercem influência através de grupos de pressão que precisam ter suas demandas atendidas. Esquemas de corrupção, nepotismo, indicação de cargos, laranjas, empresas fantasmas, envolvimento com crime organizado, etc.
O estado sempre foi só mais uma organização criminosa e suas razões práticas sempre estão acima de quaisquer motivos ideológicos, portanto esse é o destino de qualquer candidato que queira se manter no poder: ele se ajoelha ao sistema até que eventualmente se torne parte dele.
Então, para finalizar, quando se trata de re-eleição, assim como Lula, Bolsonaro também fará o que precisa ser feito, mesmo que dentro disso precise se contradizer ou virar outra pessoa. Nada diferente de nenhum político, essa é a velha política que todos conhecemos, é inevitável para qualquer um que entrar no governo.