Ucrânia investiga criminalmente escândalo de suborno em seu alistamento militar

Os diretores regionais de recrutamento do exército da Ucrânia foram demitidos depois que uma investigação revelou corrupção generalizada nas forças armadas do país. Foi descoberto um esquema em larga escala de emissão de certificados de inaptidão para o serviço militar após a realização de cerca de 100 buscas em todo o país. Os oficiais que recrutavam soldados para compor as tropas aceitavam subornos de até US$ 10.000 para ajudar os homens a evitar o alistamento.

O presidente Volodymyr Zelenskyy chamou as ações de “traição” e iniciou 112 processos criminais contra 33 suspeitos. Alguns aceitavam dinheiro, outros aceitavam criptomoedas como pagamento. Os diretores de cada centro foram demitidos e serão substituídos por veteranos de guerra.

A Ucrânia proíbe a saída do país dos homens com idade entre 18 e 60 anos, com exceção de algumas categorias. Os documentos falsificados rotulam os homens como inaptos para o serviço, retirando a obrigatoriedade.

Contra um dos mais poderosos exércitos do planeta, a Ucrânia desesperadamente busca por novos recrutas, tendo sofrido pesadas baixas durante os conflitos. A grande extensão da fronteira belicosa dificulta a resolução rápida do conflito para ambos os lados, com as últimas tentativas de penetração em linhas russas resultando apenas em ganhos táticos, mas com altos custos de soldados e equipamentos militares recebidos do ocidente.

O atual conflito no país é o mais novo capítulo no embate entre as esferas de influência do imperialismo russo e americano. A invasão no início do ano passado foi apenas o estopim de tensões mais profundas e antigas. Na narrativa do ocidente, a Rússia é colocada como a iniciadora das agressões, mesmo esse fato não sendo sustentável. A Rússia, em verdade, respondeu a ações anteriores do exército ucraniano, que bombardeava a população civil das regiões ao leste, que demandava maior autonomia. Não há guerra boa, apenas um tipo particular de guerra justa, caracterizada como guerra de defesa de indivíduos contra as forças que ameaçam seus direitos e liberdades. Guerras entre estados nunca podem ser consideradas justas, muito menos honradas. No fim, trata-se apenas de uma disputa ilegítima de interesses. Um jogo doentio por poder. Nenhum dos países merece nosso apoio, pois se trata de um conflito armado entre elites criminosas.

Como sempre, a população civil é a sofredora; perde suas casas, seus parentes e vê o mundo que conhecia destruído, enquanto os donos do poder, os verdadeiros causadores do conflito, regojizam no luxo proveniente do espólio da população que controlam. As verdadeiras vítimas, e os verdadeiros heróis, são aqueles que lutam para proteger suas vidas e famílias das consequências nefastas da guerra. No fim, sua vida é importante apenas na medida em que se sacrificam para o “bem maior”. Devem sofrer as consequências pelos erros da elite, ou serão meros covardes e traidores da pátria. Criminalizar seu direito de autodeterminação e tentativas de proteção por meio da fuga apenas demonstra o quão falaciosa é a compaixão dos donos do poder pela população que dizem querer proteger.

Gabriel Camargo

Autor e tradutor austrolibertário. Escreve para a Gazeta com foco em notícias internacionais. Suas obras podem ser encontradas em https://uiclap.bio/GabrieldCamargo

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