O governo da Áustria havia decretado lockdown para pessoas não vacinadas ou que se recuperaram recentemente da Covid-19, a partir desta segunda-feira (15), com o objetivo de conter a propagação do coronavírus. Em entrevista para o G1, uma brasileira informou que muitos de seus amigos austríacos passaram a se vacinar, mesmo contra a própria vontade, após a medida autoritária ser aplicada.
O confinamento para não vacinados foi anunciado neste domingo (14) pelo chanceler Alexander Schallenberg, que considerou o índice de vacinados “vergonhosamente baixo”. Porém dois terços da população tomou as duas doses, percentual este apenas 2% abaixo da média europeia (67%) e não muito longe de países como Espanha (79%) e França (75%).
Marcia Elisabeth Leite Teml, procuradora aposentada do Estado de São Paulo, mora em Viena há mais de três anos. Ela é casada com um austríaco e afirma que a população não foi pega de surpresa com a nova medida, já que o governo vinha anunciando a possibilidade de um novo lockdown, mesmo com mais 65% da população do país vacinada com as duas doses.
Segundo Márcia:
Tem muita gente que é contra a vacina, que acha que é uma bobagem, que o coronavírus não existe. Também tem “negacionistas” por aqui. Eu faço um curso intensivo de alemão todos os dias e passo seis horas na escola, então, na minha classe, de 12, seis pessoas não tinham se vacinado, Sendo que uma delas, no decorrer do curso, teve coronavírus e precisou ser afastada
Ela também diz que logo quando começaram a aplicar as doses da vacina no país, foi instituído uma regra chamada “3Gs” que consiste em entrada permitida mediante: Comprovante de imunização, teste PCR negativo ou que já haviam se contaminado.
Com a nova medida, duas de suas amigas que também são estrangeiras, decidiram se vacinar. Isso porque para poder frequentar os ambientes fechados, precisarão apresentar testes de PCR coletados em até 48h. Em uma semana, necessitariam fazer pelo menos três testes.
Uma venezuelana e outra sérvia vão tomar a vacina porque fica inviável frequentar qualquer estabelecimento sem ser vacinada. Outra dia, fui com a venezuelana e ela não tinha a carterinha de vacinação e não estava com o PCR atualizado. Ficamos na área externa. O segurança veio e falou que se ela não estava vacinada, deveria sair, pois a área externa pertence ao restaurante, e que se a polícia fosse até lá, fecharia o estabelecimento.
Ela também diz que:
Apesar da nova medida, segundo a brasileira, não houve uma expressiva manifestação contra a determinação. “Eu não vejo caos social. Tem algumas manifestações que são feitas lá no primeiro distrito e pronto.”
A Retomada do lockdown
As restrições sanitárias impostas pelo governo austríaco serão impostas a todos os não vacinados com até 12 anos, que não poderão sair de casa, exceto para fazerem compras e ir ao médico.
De acordo com o ministro da saúde, Wolfgang Mückstein, o governo irá avaliar os dados sobre os resultados do lockdown e o mesmo aconselha que os “hesitantes” se vacinem o mais rápido possível. Ele também diz que irão impor vacinação obrigatória à todos os profissionais de saúde.
O governo está esperando que a medida seja aprovada pelo Parlamento e governantes locais, para que a medida seja aplicada em todo o país. Os estados da Alta Áustria e Salzburgo, que registram os maiores número de contágios, começaram a implementar confinamento na segunda-feira da semana passada.
Neste sábado (13), a Áustria registrou mais de 13 mil novos casos de Covid-19, mesmo com o alto índice de vacinação. Este é o maior número desde o início da pandemia no país, que possui pouco mais de 9,8 milhões de habitantes.
As pessoas não vacinadas ou que se recuperaram recentemente da Covid-19 na Áustria terão de ser submetidas ao confinamento a partir de segunda-feira (15).