Artigo do UOL em defesa da fala de Lula sobre Holocausto abre oportunidade para discutir pautas identitárias

Lula Holocausto

A fala de Lula comparando os ataques de Israel a Palestina com o Holocausto, gerou uma onda de reações mistas a fala do petista. De um lado, vários grupos, principalmente os mais a direita, reprovaram a comparação do presidente, a acusando de falaciosa e um desrespeito aos judeus. O estado de Israel por sua vez considerou Lula “persona non grata”, e exigiu uma retratação por parte do petista.

Por outro lado, houveram aqueles que não apenas concordaram com a fala de Lula, como chegaram a até mesmo comparar o estado de Israel com o regime nazista, como foi o caso do PCO:

Em meio a discussão sobre o tema, um artigo curioso foi publicado no site UOL em defesa da fala do presidente. O artigo em questão é da autoria do colunista Ronilso Pacheco. Neste artigo, Pacheco além de defender a fala de Lula, questiona o uso do Holocausto como parâmetro para atos hediondos a fim de condená-los. Ele questiona se faz sentido usar o Holocausto como métrica para avaliar e comparar atos desumanos, quando houveram muitos outros ao longo da história, mais duradouros e mais cruéis.

Como exemplo, ele aponta a escravidão africana durante a colonização europeia no continente americano, a própria colonização e as expansões imperialistas. Após citar tais exemplos, Pacheco questiona se faz sentido usar o Holocausto como maior exemplo de crueldade com todos os exemplos apresentados por ele, muitos deles com proporção maior.

Pacheco abriu uma discussão que provavelmente não queria

Antes de mais nada, Pacheco está correto em todas as suas colocações. O Holocausto Judeu é de fato uma dos maiores atos de crueldade sa história. Porém não foi o único a ponto de merecer lugar como referência única de para comparar atos brutais.

No entanto, isso não se aplicaria igualmente a escravidão africana, colonização e imperialismo? Afinal, tambem foram práticas desumanas idesculpáveis. Todavia, tambem não foram únicas a ponto de merecer lugar como referência para comparação com qualquer ato cruel que seja.

E mesmo assim, a esquerda progressista utiliza destes eventos trágicos para comparar qualquer ação injusta. Até mesmo as de menores proporções. Ao mesmo tempo em que faz isso, a esquerda progressista ignora outras ações injustas, como a escravidão de povos europeus pelos mouros e o Império Otomano, e o Genocídio Armênio sob este último. E isso só para citar alguns exemplos mais recentes.

E isso quando a ala comunista muitas vezes não nega algumas delas, como o Holodomor na ex-URSS.

Mais que isso: a esquerda ainda vai além, e coloca sob suspeita qualquer ação que ela julgue como similar (mesmo que não seja) a qualquer das práticas desumanas por ela invocadas. E como se não bastasse, demanda e impõe várias medidas que ela diz serem “compensatórias”, beneficiando os descedentes das vítimas às custas dos descendentes dos agressores. E dentre estas práticas temos as cotas raciais e para LGBTs em universidades e até mesmo empresas.

No entanto, descendentes de grupos que sofreram no passado, europeus escravizados por mouros e otomanos, armenianos e até mesmo judeus, não recebem nenhum tipo de tratamento especial e nem mesmo os reinvidicam. Ainda assim, a esquerda tenta manter um monopólio do sofrimento por meio dos movimentos que representam os grupos injustiçados invocados por ela.

Um Peso, Uma Medida

Se Pacheco e a esquerda querem realmente que sua crítica ao uso do Holocausto pelo estado de Israel como monopólio do sofrimento realmente seja levado a sério, terão que ser consistentes e reconhecer que fazem o mesmo em relação a escravidão africana, colonização e imperialismo. E em seguida, abrir mão de tal abordagem.

Mas conhecendo muito bem a esquerda, é impossível que ela faça isso, já que ela depende da imagem de protetora dos negros, mulheres, indígenas e LGBTs para manter seu poder e influência sobre a sociedade. Mas ao menos deixo aqui minha exposição da hipocrisia e inconsistência da esquerda em acusar o estado de Israel do que ela mesma faz.

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